A Neta, marca chinesa de veículos elétricos, estava pronta para causar um grande impacto no mercado brasileiro com a exibição de sua linha no Festival Interlagos.
Entretanto, os planos de lançamento foram interrompidos por problemas de homologação e entraves burocráticos, o que levou muitos concessionários a desistirem da parceria. A marca já havia importado 338 veículos que aguardam liberação no porto, mas o adiamento trouxe incertezas para o futuro da operação no Brasil.
Homologação e entraves burocráticos
De acordo com informações fornecidas ao Auto+ pela própria Neta, os problemas enfrentados na homologação de seus veículos, em especial os modelos Neta Aya e Neta X, têm sido o principal obstáculo para o início das vendas. Além disso, questões burocráticas locais também atrasaram o processo, fazendo com que a marca perdesse o timing para iniciar suas operações.
Atualmente, os veículos estão no Brasil, mas aguardam o desembaraço para serem comercializados. Com a meta de importar mil carros até o final do ano, a marca se viu diante de uma situação delicada com seus parceiros comerciais. A Neta informou que planeja ter 30 concessionárias até o final deste ano e aumentar para 70 em 2025.
No entanto, o clima entre os revendedores não é dos mais otimistas, já que muitos cancelaram seus contratos devido aos constantes adiamentos. Essa desistência afeta diretamente a capacidade da Neta de se estabelecer com força no mercado brasileiro, que já começa a questionar o futuro da marca.
Estoque de peças e suporte técnico
Outro ponto que gerou tensão entre os concessionários foi o planejamento do estoque de peças de reposição. A Neta afirmou ao que já possui 30 mil componentes em processo de desembaraço e que só começará as operações quando atingir um estoque de 75 mil peças. No entanto, a prática proposta pela marca de retirar componentes de veículos no pátio, caso algum item de reposição esteja em falta, foi vista com maus olhos por parte dos concessionários.
Embora a Neta alegue que essa é uma prática comum na indústria, muitos revendedores não consideram essa abordagem adequada para garantir a confiabilidade no atendimento pós-venda. Além disso, o contrato de concessão, que estabelece que os concessionários assumam a responsabilidade pelos reparos em caso de desistência da marca do mercado brasileiro, foi outro fator decisivo para que muitos desistissem da parceria. O cenário atual, marcado por incertezas, tornou a relação entre a marca e seus concessionários ainda mais complicada.
Novos planos e expectativas
Após os adiamentos, a Neta redefiniu seu cronograma no Brasil. De acordo com comunicado antecipado enviado ao Auto+, a pré-venda dos modelos Neta Aya e Neta X está programada para novembro, com o início oficial das vendas marcado para dezembro. No entanto, esse plano poderá ser alterado novamente, dependendo da conclusão dos processos burocráticos e homologatórios.
Se os obstáculos não forem superados até o final deste ano, há uma grande possibilidade de que a operação só comece efetivamente em 2025, trazendo mais incertezas ao futuro da marca no Brasil. A expectativa da Neta é que, até lá, os problemas sejam resolvidos e as vendas possam ocorrer conforme o cronograma planejado.
Modelos e preços
O mercado brasileiro receberá inicialmente dois modelos da Neta: o Neta Aya, um hatch elétrico com preço inicial de R$ 124.900, e o Neta X, um SUV elétrico com valor a partir de R$ 194.900. Ambos os modelos fazem parte da estratégia da marca de introduzir veículos totalmente elétricos e de alta tecnologia. Futuramente, a Neta lançará os modelos Neta L e Neta GT, previstos para 2025, expandindo sua linha de produtos no Brasil.
Apesar das dificuldades, a Neta continua otimista em relação ao seu sucesso no mercado brasileiro, apostando na tendência de crescimento da mobilidade elétrica no país. Contudo, terá de reconquistar a confiança dos concessionários e se adaptar às particularidades do mercado brasileiro para garantir uma entrada bem-sucedida.