A Peugeot Partner, modelo icônico que esteve presente no mercado latino por 26 anos, teve sua produção oficialmente encerrada na Argentina. Enquanto a versão furgão continuará disponível por algum tempo, as variantes de passageiros saem definitivamente de cena, marcando o fim de uma trajetória com muitos altos e baixos. A decisão, que afeta diretamente o setor automotivo na América Latina, chega após o modelo ser duramente criticado por sua falta de recursos de segurança em testes realizados pelo Latin NCAP.
Produzida na fábrica de El Palomar, a Partner Patagônica se destacava por seu design robusto e proposta aventureira, remetendo à versão Escapade que fez sucesso no Brasil. Contudo, o cenário de segurança do modelo foi o grande divisor de águas. Segundo o Latin NCAP, a Partner oferecia riscos significativos aos seus ocupantes, especialmente em colisões frontais, e sua retirada das linhas de produção já era solicitada pela entidade há anos.
Motorização e Versões Disponíveis
A Peugeot Partner estava disponível em duas configurações de motorização. A primeira opção contava com um motor 1.6 a gasolina que entregava 115 cv de potência, associado a um câmbio manual de cinco marchas. A segunda versão, movida a diesel, tinha 92 cv, também acoplada a uma transmissão manual.
Ambas as motorizações ofereciam desempenho suficiente para o uso urbano, mas o grande problema era a defasagem tecnológica do modelo, especialmente no que diz respeito a sistemas de segurança ativa e passiva. Com o fim da Partner, a Stellantis, grupo que controla a Peugeot, planeja concentrar esforços em outros modelos como o Peugeot 208 e o SUV 2008, veículos com maior apelo tecnológico e melhor desempenho em avaliações de segurança.
A Polêmica Envolvendo o Latin NCAP
A retirada da Peugeot Partner foi celebrada pelo Latin NCAP, que já havia alertado a montadora sobre os perigos do modelo no ano passado. Em testes comparativos, a versão fabricada na Argentina foi colocada frente a frente com sua contraparte europeia, e os resultados não foram nada animadores. Enquanto o modelo vendido na Europa apresentou uma estrutura mais resistente e melhores índices de segurança, a versão latina ficou muito abaixo do esperado, representando risco de morte para todos os ocupantes em uma colisão grave.
O Latin NCAP classificou a decisão como tardia, ressaltando que a Partner já estava no mercado há quase três décadas sem atualizações significativas em termos de segurança. “A Stellantis demorou muito para encerrar a produção deste modelo, que vinha sendo oferecido ao público sem recursos básicos de segurança”, afirmou a entidade em nota ao portal Motor1 Argentina.
O Futuro da Stellantis na América Latina
A saída da Peugeot Partner abre caminho para que a Stellantis reforce seu portfólio com modelos mais modernos e alinhados às demandas do mercado atual. Além do 208 e do 2008, a fabricante também está investindo na renovação de outros veículos da gama Citroën e Fiat, com foco em sustentabilidade e maior integração de tecnologias voltadas à segurança.
Enquanto o mercado de utilitários está em constante transformação, a retirada de modelos desatualizados é vista como um passo natural para a indústria automotiva. Além disso, a crescente preocupação com a segurança veicular e o aumento das exigências regulatórias pressionam as montadoras a oferecerem veículos mais seguros e tecnológicos.
A Fim de Uma Era
Com o fim da produção da Peugeot Partner na Argentina, encerra-se um ciclo para a multivan que, apesar de seu estilo aventureiro e robustez, ficou defasada em um mercado cada vez mais competitivo. A decisão da Stellantis de seguir com a produção do modelo apenas na versão furgão reflete a demanda ainda existente por veículos utilitários, mas também evidencia a necessidade de constantes atualizações tecnológicas e de segurança.
Para o consumidor, o adeus à Partner pode ser um alívio, especialmente considerando os resultados alarmantes dos testes de colisão. A tendência agora é que a montadora foque em veículos mais modernos, seguros e capazes de atender às crescentes exigências do público e das entidades reguladoras.