O Chevrolet Cruze e sua versão hatchback, o Chevrolet Cruze Sport6, encerram definitivamente suas vendas no Brasil. O adeus da dupla chega oito meses após a General Motors (GM) ter finalizado sua produção na Argentina. Com o término dos estoques nas concessionárias, o modelo deixa um vazio significativo em um segmento já pouco explorado.
História e Legado no Mercado Brasileiro
Desde 2020, a América do Sul era o único local onde o Cruze ainda era produzido. A decisão de encerrar a produção em solo argentino marcou o fim de uma era, pois desde 2019 o modelo não estava mais disponível na América do Norte, e a China o havia retirado de linha um ano depois. Essa movimentação faz parte da estratégia da GM de focar em SUVs e picapes nos Estados Unidos, o que inclui o fim da produção do Malibu até novembro.
Impacto nos Segmentos de Sedãs e Hatchbacks
O Chevrolet Cruze era um dos raros sedãs médios com preço acessível, algo cada vez mais difícil de encontrar. A sua saída deixa modelos como Toyota Corolla, Nissan Sentra e o recém-chegado BYD King com preços que vão de R$ 150 mil a R$ 175 mil, as poucas opções abaixo de R$ 200 mil. Sedãs de outras montadoras, como o Volkswagen Jetta na sua versão GLI e o Honda Civic híbrido, possuem preços bastante elevados, contribuindo para a segmentação do mercado.
Para os hatchbacks, o cenário é ainda mais restrito. O Cruze Sport6 era o último representante de sua categoria entre as marcas generalistas, especialmente após o fim do Ford Focus em 2019 e do Volkswagen Golf em 2020. Atualmente, esse mercado é dominado por marcas premium como Audi A3 Sportback, BMW Série 1 e Mercedes-Benz Classe A, todos com valores superiores a R$ 280 mil.
O Desenvolvimento do Chevrolet Cruze no Brasil
Lançado em 2011 no Brasil, o Cruze substituiu dois modelos de uma só vez, o Vectra e o Astra, numa parceria entre a GM e a sul-coreana Daewoo. Ele chegou ao país já com a missão de ser um modelo de volume, inicialmente com um motor 1.8 Ecotec aspirado. No entanto, mesmo com boas credenciais técnicas, a concorrência com nomes estabelecidos como Toyota Corolla e Honda Civic sempre foi feroz, além de outras alternativas do mercado, como Citroën C4 Lounge, Hyundai Elantra e Renault Fluence.
Em 2016, com o advento da segunda geração, a produção foi transferida para Santa Fe, Argentina. O modelo passou a usar um motor 1.4 Ecotec turbo, que gerava 153 cv e 24,5 kgfm de torque, incorporando novas tecnologias como o sistema start-stop. Contudo, essa versão chegou tardiamente ao Brasil, vindo de uma reestilização feita nos EUA em 2018 e ficando disponível por um curto período antes do seu fim.
O Que Fica no Lugar?
Sem o Chevrolet Cruze e o Cruze Sport6, a GM no Brasil restringe sua oferta de sedãs e hatchbacks ao Onix e Onix Plus, ambos programados para receber uma reestilização em 2025. A marca parece apostar cada vez mais na expansão do mercado de SUVs e utilitários, almejando um segmento que tem mostrado um crescimento consistente.