A ascensão dos carros elétricos e híbridos no mercado brasileiro é inegável. De acordo com dados recentes da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), esses modelos superaram as expectativas em termos de vendas, com 94.616 unidades emplacadas entre janeiro e julho de 2024.
Esse crescimento é reflexo direto da mudança de comportamento dos consumidores, que estão cada vez mais inclinados a adotar soluções sustentáveis e reduzir sua pegada de carbono. Entretanto, embora a procura por veículos eletrificados esteja em alta, um dado chama a atenção: eles estão no topo da lista de desvalorização no Brasil.
Desvalorização dos Elétricos e Híbridos
Um estudo recente revelou que, entre setembro de 2023 e setembro de 2024, os carros elétricos apresentaram uma desvalorização média de 8,44%, enquanto os modelos híbridos sofreram uma queda de 8,17%. Esses índices, embora preocupantes, são acompanhados de uma realidade ainda mais severa para veículos movidos a etanol, que desvalorizaram 10,05% no mesmo período.
Essa tendência pode ser explicada por uma combinação de fatores. Primeiro, a infraestrutura para carros elétricos ainda está em desenvolvimento no Brasil, com uma rede de pontos de recarga em expansão, mas ainda longe de atender à demanda total. Além disso, a manutenção e substituição de componentes como baterias podem ser um ponto crítico na percepção de valor do consumidor.
Carros Flex: Vantagem na Retenção de Valor
Por outro lado, os carros flex, que permitem o uso de gasolina ou etanol, mostraram-se mais resistentes à desvalorização, com uma queda de apenas 6,01%. A versatilidade desses modelos, que oferecem a possibilidade de alternar entre dois tipos de combustíveis, é um fator que agrada muitos consumidores, garantindo uma maior retenção de valor. Veículos exclusivamente movidos a gasolina desvalorizaram 7,24%, enquanto os movidos a diesel apresentaram uma desvalorização média de 7,81%.
Essa resiliência dos modelos flex reforça a percepção de que o mercado ainda valoriza a flexibilidade de escolha do combustível, especialmente em tempos de incerteza sobre os preços de gasolina e etanol. A capacidade de se adaptar às variações de preço nos combustíveis continua sendo uma vantagem competitiva importante.
Impacto no Mercado de Seminovos
Essa variação nos índices de desvalorização tem implicações diretas para o mercado de seminovos e usados. Os consumidores que estão de olho em uma possível revenda, ou até mesmo em uma compra mais vantajosa, tendem a buscar modelos que retêm melhor o valor ao longo do tempo. Nesse cenário, os veículos elétricos e híbridos, apesar de liderarem em desvalorização, podem se beneficiar de uma conscientização ambiental cada vez maior e de incentivos governamentais.
Além disso, a percepção sobre a manutenção de veículos elétricos e híbridos pode mudar à medida que a tecnologia se torna mais comum e acessível. O que hoje é visto como um custo elevado, como a troca de baterias, pode se tornar menos oneroso com o avanço das tecnologias e maior disponibilidade de peças no mercado.
Futuro dos Veículos Eletrificados no Brasil
O mercado brasileiro de veículos eletrificados parece caminhar para um crescimento ainda mais expressivo nos próximos anos. O aumento da conscientização sobre a necessidade de reduzir emissões de carbono e os avanços na tecnologia de baterias e motores elétricos tendem a consolidar essa tendência. Além disso, as políticas de incentivo governamentais, como isenções fiscais e descontos em taxas de IPVA, devem continuar a impulsionar as vendas de carros elétricos e híbridos.
Outra questão que merece destaque é a expansão da infraestrutura de pontos de recarga. Embora ainda limitada, essa rede tem mostrado sinais de expansão rápida, especialmente nos grandes centros urbanos. A chegada de mais estações de carregamento rápido nas principais rodovias do país também contribui para reduzir a ansiedade dos consumidores em relação à autonomia desses veículos.